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Śrī Navadvīpāṣṭakam 2

Por Śrī Rūpa Goswāmī, com comentários de Swāmi BV Tripurāri

Texto 2

yasmai paravyoma vadanti kecit
kecic ca goloka itīrayanti vadanti
vṛndāvanam eva taj-jañās taṁ
śrī-navadvīpam ahaṁ smarāmi

Mergulhado em meditação, lembro-me de Śrī Navadvīpa-dhāma, que alguns devotos consideram ser Vaikuṇṭha-paravyoma. Outros dizem que Navadvīpa-dhāma é Goloka, porém, os conhecedores de tattva exclamam: “De fato, Navadvīpa-dhāma é Vṛndāvana!”

Comentário

Em seu comentário ao verso 5.5 da Brahma Saṁhitā, Jīva Goswāmī explica que, no yantra retratando Goloka, Śvetadvīpa é representado por um quadrado que emoldura todo o yantra. Dentro deste quadrado fica um círculo. A área fora deste círculo é Goloka, onde a līlā de Kṛṣṇa é majestosa, ao passo que a līlā de Kṛṣṇa dentro do círculo é Gokula, onde sua līlā é íntima. E, como Bhaktivinoda Ṭhākura explica em seu comentário a este verso, a aprakaṭa Gaura līlā também faz parte desse círculo interno. Em seu Gopāla-campū 1.1.21, Jīva Goswāmī refere-se a este setor interno de Śvetadvīpa como “Paraśvetadvīpa”. E, referindo-se a este reino no Caitanya-bhāgavata 2.23.290, Vṛndāvana dāsa Ṭhākura nos informa que uma constante revelação demonstrará para nós que o reino interno conhecido como Śvetadvīpa também se refere a Navadvīpa— śvetadvīpa-nāma, navadvīpa-grāma, vede prakāśiba pāche. Nessa passagem, Śrī Rūpa diz o seguinte: aqueles que são tattva-jñāna sabem que Navadvīpa é Vṛndāvana, a Paraśvetadvīpa. E, na minha época, meu gurudeva, Śrīla A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupāda, retratava essa aprakaṭa Gaura līlā no âmbito de Gokula bem atrás de Rādhā e Kṛṣṇa na obra de arte que ele projetou para a capa de sua tradução para o inglês e seu comentário ao primeiro canto do Śrīmad Bhāgavatam. Além disso, por amor a ele, seus discípulos distribuíram esta obra de arte mundo afora, satisfazendo a profecia de Ṭhākura Vṛndāvana dāsa.

Gaura līlā não é distinta de Kṛṣṇa līlā. Trata-se da extensão natural da prakaṭa-līlā de Kṛṣṇa, em que ele se dá conta das limitações de sua Vraja līlā por si só em termos de sua capacidade de lhe permitir a medida plena de rasa-āsvādana. Desse modo, ele virou sua Vraja līlā ao avesso — antaḥ kṛṣṇaṁ bahir gauram — em busca daquele gosto, e o representou de outro ponto de vista consigo como o próprio amor, e não como o objeto do amor. Se analisarmos com mais atenção Gaura, veremos Kṛṣṇa. E se analisarmos com mais atenção ainda, veremos Rādhā também. E assim como Vraja Kṛṣṇa detém quatro qualidades que nenhuma outra manifestação dele próprio tem – rūpa-mādhurya, līlā-mādhurya, prema-mādhurya e venu-mādhurya –, da mesma forma o faz Gaura Hari. Sua rūpa é doce; sua līlā é doce; seu prema é doce; e sua venu, roubada por seus companheiros e assumindo a forma da khol/mṛdaṅga — é dulcíssima, que forma a base instrumental do prema-saṅkīrtana de Gaura e em suas mãos responde às perguntas teológicas mais elevadas¹.

Portanto, assim como Gaura é Kṛṣṇa, as moradas dos dois – Vṛndāvana e Navadvīpa – são exatamente iguais.

Notas:

1- O sânscrito mṛt + aṅga = mṛdaṅga, literalmente, “membro de cerâmica”. Este tambor usado no saṅkīrtana de Gaura é considerado a encarnação da flauta de Kṛṣṇa, flauta que as gopīs vivem tramando roubar porque essa flauta faz com que elas se afastem de suas normas comportamentais sociorreligiosas para correr atrás de Kṛṣṇa, o que faz as pessoas questionarem o caráter delas. Porém, se essas perguntas são feitas, śrī mṛdaṅga nas mãos dos pārṣadas de Gaura espalha por toda parte as respostas.

(Artigo original em https://harmonist.us/2023/04/sri-navadvipa%e1%b9%a3%e1%b9%adakam-2/ )

Traduzido por Mahakala das e Yogamaya dd, revisado pela equipe do site.

Posted in Caitanya, Gaura, Sem categoria

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